quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia 3


Depois de dois dias saindo debaixo de um céu carregado hoje Apolo deu uma forra. E logo na chegada de Gurupi/TO me deparei com o místico trecho do Km 666 da BR-153. Foi um forte encontro cabalístico. No primeiro posto que eu entrei para abastecer levei um susto na saída, ao subir a rampa para pegar a estrada ouvi uns estalos, como coisas quebrando, e a moto morreu. 'Pronto, bati o motor', pensei logo. Dei a partida, ela ligava, só não saia do lugar. Desci da moto e constatei a corrente solta. Ponto para o meu mecânico. Como são misteriosos os desígnios do Senhor dei pau em um posto, entrei e procurei os mecânicos. Rapidamente se prontificaram a colocar a corrente no lugar e pediram para eu dar uma volta e testar se estava tudo certo. Peguei a moto para dar a volta no pátio, saí de trás de dois caminhões parados, quando os passei me deparei com uma Scania assassina vindo em minha direção, só tive tempo de freiar e jogar para o lado, resultado: a moto derrapou e, novamente, eu fui ao chão. As casas de aposta se alvoroçam. Dessa vez a moto bateu forte na minha perna e eu me senti treinando muay thai - apanhando - de novo. O retrovisor quebrou e eu precisei de serviço profissional. Encontrei ótimos mêcanicos, e melhor, debaixo de uma mangueira, já pude matar umas saudades da terrinha.



Refeito do susto e com a moto novamente revisada parti em direção a Goiás. O último trecho da BR-153, de Alvorada até Talismã é sofrível e requer muita atenção pelo sobe e desce da estrada. Passando pela divisa dos Estados logo nos damos de cara com a gradativa mudança da vegetação, o cerrado vai dando as caras ao lado de imensos latifúndios, o Texas brasileiro.




O lado goiano da BR-153 é razoável, alternam trechos recém asfaltados com alguns remendados mas nenhuma parte que lembre um queijo Suíço como no lado tocantinense. Manter uma velocidade de 80, 90 km/h, como eu havia projetado no início, se mostrou impossível, boa parte da viagem eu faço praticamente deitado na moto para diminuir o choque de ar e poder manter os 100, 110 km/h. Nenhum caminhão me ultrapassou até agora mas carros de passeio eu não posso fazer nada, eles passam voando. Descobri um macetinho, quando a estrada está vazia eu fico em pé - em pé mesmo - nas alavancas de apoio e posso relaxar minhas nádegas que, até agora, é o que eu mais tenho sentido, 1 minuto de pé faz com que eu fique pelo menos 10 sentado de boa, isso me ajudou a fazer os percursos de mais de 100 km tranquilamente.



O dia foi generoso comigo, quando houveram nuvens foi só para fazer sombra e no fim do dia um belo por-do-sol me foi dado. Obviamente não resisti e parei para fazer fotos contrariando as indicações do GPS que diziam que o sol se poria em 20 minutos, resultado: precisei pilotar na escuridão com o farol que mais parece uma vela. Foi assustador. Uma chuva de mosquitos nojentos me pegou na estrada, eram muitos se espatifando por todo o meu corpo. Quando um caminhão passava com um contra-luz eu podia ver milhares deles, one thing to say: disgusting. Meu capacete ficou intocável.



Depois de 40 km nas trevas finalmente cheguei em Padre Bernardo que fica a 100 km de Brasília, onde hoje pretendo ficar na casa do amigo Lucas e me recuperar para amanhã quando chego em Uberlândia. O mais difícil está para acabar, portanto, pé na estrada.


5 comentários:

Anônimo disse...

Então companheiro como anda sua viagem? tudo tranquilo?
vai passar por Brasilia?
Boa viagem!

Osmar (falconline)

coexista disse...

Fala cara!
tudo bem? trabalho aqui na Samurai com a élida, que divulgou seu blog para todos! parabéns! e chega logo para gente toma uma cerveja!
abs,
Abdalla

Iara Vasconcelos disse...

Rick, em que parte desse Brasilzão vc tá agora?????

Anônimo disse...

Tenha Certeza que a FOLmilia esta te acompanhando e lhe espera aqui em Sampa...

Boa Viagem

Caê

Ricardo Rapozo disse...

Já em BSB Osmar.
quase partindo. Se quiser dar uma rodada de o toque.