segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Dia 1


A largada foi dada.

Depois de uma noite inquieta, imersa em ansiedade -não sei se está relacionado - em que eu senti até vontade de vomitar, depois de alguns óbvios atrasos relacionados a bagagens, Margareth e eu saímos pelas BRs e estaduais do Brasil sob uma manhã nublada. E uma coisa eu posso dizer tranquilamente: - foi intenso.

Logo saindo do posto Pombal, nas remediações de Belém, eu já tomei o primeiro, e espero que último, tombo da viagem. Derrapei em uma caixa de brita a 20 km/h e a moto caiu sobre a minha perna. Só não me machucou pelos equipamentos que eu usava. Refeito, mais atento e, agora, paranóico, parti confiante para chegar na estrada que logo chamaria de 'A Infinita'. A famigerada Belém/Brasília, a BR-010.

Longas retas com sobes e desces, alguns trechos com falhas no asfalto, e, consequentemente, momentos muito tediosos. Como disse o Rafael da falconline é preciso ocupar a mente de maneira objetiva. Algumas vezes eu começava a imaginar algumas situações, chegava quase a delirar e quando dava por mim eu estava entrando num estágio de torpor, como se fosse dormir. Comecei a cantar alto, ecoando dentro do capacete, tentando ouvir a minha voz. E isso foi as 11 da manhã. É uma estrada estranha.




Ao meio dia o sol deu as caras. Nesse momento a mochila de hidratação, que só entrou como equipamento por eu usa-la em trilhas e corridas de aventuras, se mostrou uma ferramenta indispensável. Pude repor o líquido que perdia em bicas e me concentrar em algo mais além da monótona pista. Mas algo que eu não estava preparado era para o choque de ar dos caminhões.

Como se fosse um soco no meio do peito a massa de ar que esses colossos deslocam é impressionante. Como minha moto não oferece a estabilidade necessária para enfrenta-los o jeito é curvar-se e fazer com que a rajada de vento se disperse pela cabeça e pelas costas, mas, como eu tenho um bauleto, a moto ainda era significativamente afetada e as vezes eu precisava segura-la com bastante força quando, literalmente, bambeavamos no asfalto.

O fato de a pista ser de mão dupla é o maior problema. Motoristas imprudentes tentando ultrapassar em subidas sem visão são o maior perigo. Tive que jogar a moto para o acostamento uma vez e se eu não tivesse feito isso algum louco teria passado por cima de mim. Portanto é prudente se posicionar a direita da pista bem próximo ao acostamento nas situações em que perdemos a visão da estrada.

Passando por lugares muito áridos e pobres é lógico que fui despertando a curiosidade das pessoas e, em nenhum momento, me senti ameaçado. Na verdade, em Açailândia, encontrei dois meninos muito divertidos. Crianças que trabalham como engraxates e lavadores de carros em um posto de beira de estrada mas, mesmo assim, são muito engraçados e muito bem informados de futebol. Viva o Brasil.






Depois de almoçar em uma churrascaria de caminhoneiros, lutar contra monster trucks e contra o delirante sol, depois de 550 km sentindo-me sem posição ideal para acomodar qualquer lado de minhas nádegas, rezando para que Imperatriz acontecesse na minha frente, eis que cruzo com o posto de Shangri-la.


Salve a terra do Reggae. Imperatriz é bem maior do que eu imaginei. Cidade pequena mas com certas coisas de cidade grande. Limpa, com um comércio apresentável e a receptividade do povo maranhense. Cidade muito agradável e hospitaleira, fui muito bem recebido pelo CSer Kássio.
Cheguei bastante cansado e com o braço direito doendo, provavelmente por ser o do acelerador. Passei os guentos que me cabem e agora durmo e me preparo para o maior trecho da viagem: Imperatriz, Gurupi, 777 km de estradas e, pelo que dizem, piores que da - eu achei rodável - BR-010. Amanhã tem muito mais.

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa sorte na viagem, vou acompanhar seu relato e ficar torcendo por uma viagem sem imprevistos. Aproveite para curtir o nosso Brasilzão.

Lívia Condurú disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lívia Condurú disse...

Caríssimo. Os "bolões" paraoras começaram a rolar [rs!]. Para a tua sorte, todos acreditam muito que tudo "correrá" muito bem e que os imprevistos iniciais, na verdade, já estavam todos "calculados", então, as apostas ainda estão em baixa. [rs!]
Torço para que a estrada ajude e chegues muito bem ao teu destino.
Beijos!

Ricardo Rapozo disse...

Valeu Salles, cê tava certo na questão dos permeáveis.

***

hmmmmmm... então a sra tá no bolão que eu me dou bem? hmmmmmm...